quarta-feira, 26 de março de 2014

Execução Orçamental - FEV/2014



O Boletim de Execução Orçamental já abre telejornais e as notícias na rádio. Fico feliz com isso, pode ser que muitos agora comecem a ter mais noção do que é, realmente, o Estado.

Na tentativa de aliviar itens extraordinários, passei a analisar os números de modo diferente.

Assim, as variações apresentadas a seguir têm como referências a soma dos valores dos últimos 12 meses terminados em FEV2014 relativamente aos últimos 12 meses terminados em FEV2013.

Nesta comparação:
  • Receita fiscal :  +4.452M€ ; + 13.8%  (destaque para o IRS, que sofreu um aumento colossal...)
  • Despesa corrente primária : - 837M€ ; -2.0% (parece querer começar a baixar...)
  • Saldo primário : - 311M€; -89% (muito bom, analisado isoladamente!)
  • Juros : + 856M€ ; +13.7% (penso que tender a estabilizar e a baixar ligeiramente ao longo do ano)
Deixo um gráfico em que traço uma soma móvel de 12 meses:



Os impostos IRS, IRC e IVA continuam a responder por grande parte da melhoria no saldo primário.

Aproximam-se meses de pagamento inrensivo de juros mas, a liquidez, está assegurada e não deverão ocorrer aumentos relevantes da dívida.

Quanto à despesa primária, pelo segundo mês consecutivo apresenta variação negativa na soma móvel de 12 meses.

Os juros CoCo bonds renderam 11.6M€ este ano, até final de fevereiro.

Até breve!

terça-feira, 25 de março de 2014

Dívida Pública Líquida e outros dados



Apenas há pouco tempo olhei com alguma atenção para o Boletim Estatístico do Banco de Portugal. Tem um manancial de dados coligidos e passarei a dar conta, neste blog, de alguns que têm a ver com os temas sobre os quais escrevo.

Assim, no final de cada ano,a dívida pública na ótica de Maastricht (que me parece ser a que conta para reporte internacional), em %% do PIB, líquida de depósitos da administração central tem tido a evolução seguinte:

2009 : 82.0%
2010 : 91.8% ( + 9.8 p.p. )
2011 : 99.9% ( + 8.1 p.p. )
2012 : 114.0% ( + 14.1 p.p. )
2013 : 118.2%  ( + 4.2 p.p. )

Talvez por imposição da troika, ou talvez por questões legais para prevenção de riscos de liquidez, a Administração Central reportou depósitos, em %% do PIB, dos seguintes montantes:

2009 : 1.7%
2010 : 2.2% ( + 0.5 p.p. )
2011 : 8.3% ( + 5.1 p.p. )
2012 : 10.1% ( + 1.8 p.p. )
2013 : 10.5%  ( + 0.4 p.p. )

Outros dados irão sendo aqui divulgados, à medida que o meu tempo e interesse assim o permitam...

segunda-feira, 24 de março de 2014

Dívida Pública Portuguesa - FEV/2014



Dívida Pública Portuguesa total (Fev/2013) : 212.357.367.702


A dívida teve a seguinte variação média diária nos períodos indicados: 

2014 : + 33.323.744€ (últimos 12 meses terminados em Fev/2014)
2013 : + 26.667.217€
2012 : + 53.616.271€
2011 : + 63.331.160€
2010 : + 52.132.112€

2009 : + 39.133.457€

Continua o desaceleramento do crescimento da dívida. 

Este mês a dívida aumentou 3.710M€.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Reestruturação ou reescalonamento da dívida?



Nos últimos dias, foi o tema dominante na imprensa: reestruturação da dívida.

Tenho defendido, em conversas entre amigos e colegas, que isso é precisamente o que a troika veio cá fazer, entre outras coisas.

Garantiu financiamento à economia a taxas mais baixas do que as existentes no mercado, em troca de mudanças (escuso-me de as adjectivar...) na vida corrente do Estado. Menos despesas e melhor gestão dos recursos. Se foram, ou não, as melhores medidas isso é algo que se pode discutir. Que não nos massacraram com taxas altíssimas como às vezes nos querem fazer crer, é algo que me parece evidente.

Repare-se no montante média em dívida de cada ano e nos juros pagos nesse ano.

Juros pagos no ano Dívida média no ano Juros/dívida
2001 3,765,425,325 € 68,545,016,537 € 5.49%
2002 3,827,600,000 € 75,556,392,088 € 5.07%
2003 4,030,400,000 € 81,671,294,731 € 4.93%
2004 3,741,400,000 € 87,048,764,275 € 4.30%
2005 3,968,400,000 € 96,608,603,170 € 4.11%
2006 4,397,400,000 € 105,320,622,746 € 4.18%
2007 4,719,900,000 € 110,116,404,684 € 4.29%
2008 4,886,500,000 € 114,713,795,810 € 4.26%
2009 5,006,700,000 € 126,548,628,446 € 3.96%
2010 4,971,700,000 € 143,005,682,296 € 3.48%
2011 6,039,200,000 € 166,347,582,521 € 3.63%
2012 6,874,000,000 € 188,334,895,112 € 3.65%
2013 6,842,600,000 € 203,717,492,521 € 3.36%

Nos últimos 13 anos, nunca a taxa efetiva de juros foi tão baixa, e tem mesmo descido de forma muito linear.

Até o montante pago em juros desceu, em valor nominal, de 2012 para 2013.

Se a dívida é sustentável? Pode discutir-se.

Se a troika tem sugado os recursos ao país? Penso que não.

Se tudo isto poderia ter sido feita de forma diferente? É evidente que sim, mas a mudança tinha de ter sido iniciada em 2001, para não ir mais atrás ainda...

quarta-feira, 5 de março de 2014

Dívida Pública Portuguesa - Banco de Portugal



Só esta semana me dei conta que o Banco de Portugal também faz a divulgação destes dados, mas de forma que considero mais completa que o IGCP, que tinha utilizado até agora neste blog.

Nos dados disponibilizados pelo Banco de Portugal, está o valor da dívida emitida pelas mais diversas formas (Obrigações, Bilhetes do Tesouro, Certificados de Aforro, etc...) e aparecem ainda a dívida líquida e outros dados.

Nessa publicação, é possível ver que a dívida líquida do Estado é de 196.943MM€ (c. 130% do PIB)

Os juros pagos correspondem a cerca de 4.4% do PIB

Tem ainda outro dado curioso: endividamento da administração pública, empresas e partuiculares em %% do PIB. Entre DEZ2011 e DEZ2013 a dívida de

  • Administrações públicas passou de 125.3% para 153.1% do PIB
  • Empresas públicas passou de 28.5% para 28.4% do PIB
  • Empresas privadas 179.9% para 184.1% do PIB, das quais PME (de 104.2% para 99.3%) e randes empresas (de 52.6% para 54%) 
  • Particulares 101.4% para 95.9% do PIB
Em valores absolutos, a dívida das empresas baixou, mas uma %% menos significativa que o PIB, daí o seu peso ter ainda aumentado.

Destaque para os particulares, cuja dívida desceu 15MM€. Taxas de juro baixas, significam que a maior parte da prestação dos créditos habitação são amortização. Daí esta quebra, penso eu.

Este post já vai longo... até breve!