quarta-feira, 12 de março de 2014

Reestruturação ou reescalonamento da dívida?



Nos últimos dias, foi o tema dominante na imprensa: reestruturação da dívida.

Tenho defendido, em conversas entre amigos e colegas, que isso é precisamente o que a troika veio cá fazer, entre outras coisas.

Garantiu financiamento à economia a taxas mais baixas do que as existentes no mercado, em troca de mudanças (escuso-me de as adjectivar...) na vida corrente do Estado. Menos despesas e melhor gestão dos recursos. Se foram, ou não, as melhores medidas isso é algo que se pode discutir. Que não nos massacraram com taxas altíssimas como às vezes nos querem fazer crer, é algo que me parece evidente.

Repare-se no montante média em dívida de cada ano e nos juros pagos nesse ano.

Juros pagos no ano Dívida média no ano Juros/dívida
2001 3,765,425,325 € 68,545,016,537 € 5.49%
2002 3,827,600,000 € 75,556,392,088 € 5.07%
2003 4,030,400,000 € 81,671,294,731 € 4.93%
2004 3,741,400,000 € 87,048,764,275 € 4.30%
2005 3,968,400,000 € 96,608,603,170 € 4.11%
2006 4,397,400,000 € 105,320,622,746 € 4.18%
2007 4,719,900,000 € 110,116,404,684 € 4.29%
2008 4,886,500,000 € 114,713,795,810 € 4.26%
2009 5,006,700,000 € 126,548,628,446 € 3.96%
2010 4,971,700,000 € 143,005,682,296 € 3.48%
2011 6,039,200,000 € 166,347,582,521 € 3.63%
2012 6,874,000,000 € 188,334,895,112 € 3.65%
2013 6,842,600,000 € 203,717,492,521 € 3.36%

Nos últimos 13 anos, nunca a taxa efetiva de juros foi tão baixa, e tem mesmo descido de forma muito linear.

Até o montante pago em juros desceu, em valor nominal, de 2012 para 2013.

Se a dívida é sustentável? Pode discutir-se.

Se a troika tem sugado os recursos ao país? Penso que não.

Se tudo isto poderia ter sido feita de forma diferente? É evidente que sim, mas a mudança tinha de ter sido iniciada em 2001, para não ir mais atrás ainda...

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